Tu foste um sonho ténue que trespassou a minha bruma densa, lodosa, pesada, poeirenta, cósmica... repleta de versos que salivam estrofes cantadas em castelos de areia. A brisa do mar ainda perfuma as flores murchas daquele ramo que me deste. Lembras? A lua ia alta e as palavras mudas desnudavam e acariciavam os nossos corpos inocentes. Quando o dia raiou, num solavanco impiedoso, o sol cegou os meus olhos e os teus. Nunca mais nos vimos.
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
segunda-feira, 2 de agosto de 2021
o desencontro
Hoje, à porta do cinema, esperei por ti. Esperei por ti, por nós e pelo filme. O filme chegou. Chegou a tempo e horas. Aliás, estreou! Ao contrário de ti ou de nós. Tu não chegaste nem a tempo nem a horas. Nem por nós, nem pelo filme. Simplesmente não chegaste. E nunca vais chegar.
Como poderia eu sequer imaginar que ainda poderias chegar?
O intervalo entre o tempo de partida e chegada é deveras o mais longo e delirante de sempre. Chama-se tempo de espera. Um espaço, onde os clichês bailam à flor da pele e, por momentos, fizeram-me acreditar que se chegasses naquele preciso momento, mesmo um segundo antes da sessão começar, serias o homem da minha vida.
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