sábado, 27 de fevereiro de 2021

labirinto mental

Chega o silêncio da noite

E as palavras não bastam.

Chega a azáfama do dia

E as palavras não bastam.


(Então, o que é que basta?)


Umas tropeçam entre si, 

Caindo no chão duro e frio da consciência.

Fica tudo por dizer.

Resta tudo para pensar.


Outras ficam presas em mistérios e fantasias,

De te ou nos ter.


Vivemos os inícios fugazes,

Morremos nos finais felizes,

Sobrevivemos durante...



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

diamante bruto

Fica sempre tanto por dizer...

Mesmo quando me sorris

Mesmo quando me abraças

Mesmo quando me agarras


As respirações entrecruzam-se numa melodia orquestral. 

As palavras são degoladas por uma mudez racional.

O calor da emoção é devorado por palavras gélidas.


Os sentimentos desvanecem...


Só me restam memórias.

Não tive tempo para glórias.

E isso é avassalador.

É dor.

É amor.



quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O veludo das rosas brancas

Hoje acordei sem perceber

Onde estou

Quem sou

Para onde vou.

Prostrada no leito,

Olho pro tecto,

Ouço o silêncio,

O vazio emergiu.

Ocupou os pensamentos,

Elevou os tormentos.

Eles estavam tão bem escondidos...

Camuflados com um manto de pétalas de rosas brancas,

Cuja superfície era de veludo e de paz.

Ainda me lembro das manhãs invadidas pela luz das rosas brancas...


Tormentos, vão-se embora!

Deixem as rosas serem rosas.

Deixem a luz brilhar.

Deixem-me ser. 

Ser feliz!

Eu ainda não quero morrer.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

(sem título)

Ando atrás do sentido das coisas.

Ando, caminho, corro, corro, corro.

Elas não (me) dizem nada.

Não (me) falam.

Não (me) mostram.

Não (me) gritam.

Não (se) explicam.

Não (se) mexem.

Serenas, impávidas, imóveis, permanecem.

Num monólogo ruminante, indiferente, decadente.

Eu fico doente.

Dói-me a cabeça,

De pensar,

De tentar acreditar,

Nas coisas.

Na vida.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

(não) ser poeta

Ser poeta

É ser profeta.

É ser e não ser.


É correr atrás do Graal

Sem subir no pedestal.

É ser cavaleiro andante

Ou então descer ao Inferno de Dante.

É ser Tristão sem Isolda

Ou Romeu sem Julieta.

É ser amor, fogo e paixão

Ou ódio, gelo e morte.


É ser tudo ou nada

E nunca ser nada,

Mas sempre ter tudo.