Estar doente é sentir todos os pesos do Mundo. É sentir todos os pecados e todas as enfermidades anteriores. A carne lateja e a alma clama por um corpo novo. Nada adianta. A finitude da vida é demasiado implacável para renovar a matéria. O seu destino é apodrecer no chão lamacento para depois se tornar húmus e, por fim, regenerar-se (numa outra coisa qualquer que não tem nada a ver com o que foi).
domingo, 31 de dezembro de 2023
terça-feira, 19 de dezembro de 2023
a beleza da permanência
É tão belo, quando nos apercebemos que tudo está no seu devido lugar, apesar de tudo. Um sorriso rasga-se e o sol brilha, como nunca brilhou. Um sentimento de pura alegria e aceitação da vida, tal como ela é, invade os céus, em fogo de artifício, como se fosse o primeiro dia do resto da minha vida.
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
numerus vitae
Ter uma idade é toda uma questão numérica, sem significado, a não ser aquele que nos quantifica; que subtrai a vida e adiciona a morte. Executarmos uma tentativa de nos quantificarmos comparativamente é erróneo e só trará infortúnios, pois a vida de cada corpo físico e material é única e é isso que nos torna seres únicos. O facto de pouco ou nada sabermos acerca do antes da vida e do depois da morte causa-nos inquietação, insatisfação e desesperança, colocando-nos mais a fazer do que simplesmente a ser. Ansiosamente, enchemos a nossa vida de (a)fazeres, como tentativas de resposta a perguntas sem resposta; como tentativas para alcançar a imortalidade ou algo mais que nem nós próprios sabemos bem, só sentimos. É isto o sentido da vida, pelo menos da minha ótica. Se para outros não for, que assim seja. Antecipo-me em epitáfio: "Seja o que for / Será bom. / É tudo." (Daniel Faria).