segunda-feira, 17 de junho de 2024

manifesto contra tudo e todos

Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
José Régio IN "Cântico Negro"


Hoje decidi escrever por escrever, sem forma nem conteúdo, porque cansei de pensar e de atribuir sentido a tudo o que faço.

A vida nunca é, nem nunca será como nós queremos, nem como imaginamos e/ou idealizamos. Seguirá sempre outros rumos, aos quais temos de nos adaptar, se queremos fluir com ela e não cair na loucura.

Será que as agruras da vida são sinais de que o caminho tem de ser outro? 
Será que o caminho mais difícil é o que está mais próximo do nosso propósito? Ou será o mais fácil?
Temos impreterivelmente de sofrer para sermos felizes?
Será que há caminho?
Será que há propósito?
Será que há algo mais para além da nossa mísera existência? Ou será tudo um grande delírio da mente humana?

Há mais perguntas do que respostas, por isso deixemos as perguntas, pois nunca teremos respostas, muito menos garantias.

A única garantia é a morte, mas nem aí encontramos as tão desejadas respostas. 

As respostas não existem. São espectros, por isso retiremos essa palavra do dicionário. É inútil! 
Acabemos também com a interrogação e vejamos como a vida se torna mais fácil. Nada fica em aberto. Tudo se fecha na afirmativa ou na negativa. Usemos apenas a exclamativa para festejarmos e gritarmos em regozijo.

Os extremos são sempre mais fáceis para efeitos de catalogação e a inexistência do questionamento alimenta a feliz ignorância.

Enquanto a verdade não chega, venha a mentira. Deixemos a purpurina cobrir os nossos corpos em putrefação e iluminar os meandros das nossas vidas terrenas e superficiais. Assim, o sorriso estará sempre garantido.

Considero este punhado de palavras, sem sentido, o meu manifesto contra tudo e todos, principalmente contra o que (supostamente) nos faz bem. Levanto a bandeira da felicidade, sem nunca baixar, ao jeito do facho ardente regiano (pelo menos assim o sinto). A tristeza é uma doença e hoje sinto, pela primeira vez, que não precisamos de passar por ela para sermos felizes. 

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