O branco véu da saudade
Amália Rodrigues
Existem coisas que só as almas sabem.
Quando olho para o teu antigo retrato, sinto uma vontade indomável de fazer parte dele e de te amar profundamente. Olho-o fixamente e imagino-me lá, junto de ti, mas isso não (me) chega. Então, expludo em lágrimas de tristeza e desespero só de saber o desencontro entre duas almas, talvez, gémeas.
Diante do teu retrato choro e pergunto: Quem seríamos nós vinte anos atrás?
Ai! Que vontade inexplicável e estúpida de agarrar o teu sorriso, com as duas mãos, e apertá-lo como quem olha o sol de frente até cegar...
Parece impossível tanta saudade... Saudade de alguém desconhecido, saudade de algo nunca vivido, saudade, saudade, saudade, no seu estado mais puro, mais inconsciente e mais disruptivo.
As almas sabem mesmo de coisas que nos escapa.
A minha alma sabe de algo que nunca irei saber.
A minha alma sabe de ti.
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