terça-feira, 10 de setembro de 2024

mão no mosaico, cabeça na terra, pés no céu

Que tristeza tão inútil essas mãos
que nem sequer são flores
que se dêem:
abertas são apenas abandono,
fechadas são pálpebras imensas
carregadas de sono.
Eugénio de Andrade IN As Mãos


Por vezes, são precisos cinco dedos de sol para que o dia se ilumine sob o mosaico amarelo. 
A mão, segura as flores brancas, entrelaçadas como heras, numa dança imparável de geometria descritiva, com coreografias simétricas que alcançam a harmonia do azul do céu.
A mão esquerda, aberta, sente a candura dos movimentos, das cores, dos tons suaves e pastéis. 
A mão direita, fechada, adormece ao sol, embalada pela brisa do outono que já se avizinha no entardecer precoce.



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