Estar fora é estar dentro. É ver longe, mas perto. É ver o todo em vez das partes. É ver-te emoldurado no real, numa casa feliz, com mãos na porta e pés na laje.
Eu, objeto invisível no meio da rua, passo pela tua casa. Parar ou seguir é indiferente. Tu não me vês. Ninguém me vê. E os meus gestos inúteis são espectros irresolúveis, pois nada possuo.
Como posso querer eu dar tudo sem nada possuir?
Como podem querer as minhas mãos vazias agarrar as tuas mãos cheias?
Ah, insatisfação poética, como me matas!
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