Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Ruy Belo
A minha casa é uma falésia em abismo, com vista para Marte, e com três andares em ruínas. A cave do passado, o rés-do-chão do presente e o sótão do futuro estão soterrados na cal de fuligem. Não tenho mobília afetiva, por isso durmo sobre a tijoleira partida e fria. Os alicerces ferrugentos e nauseabundos soltam clamores de bradar aos céus. Eu fecho os olhos e tapo os ouvidos à espera que tudo desabe e, por fim, acabe, para talvez recomeçar.
A minha casa é um ser tão vivo e tão morto quanto eu.
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