O pesadelo da tua ausência tornou-se infelizmente numa realidade concreta, vincada, apertada e sufocada.
Há uma escassez e distância emocionais que ditam o quotidiano. Já não bebo a água do céu da tua boca. Já não como o mel das pontas dos teus dedos. Já não respiro ar poético dos teus decassílabos. Já não cheiro o pólen do teu peito espumoso. Já não vejo o brilho dos teus olhos-ria.
(já não e talvez nunca mais)
Estou desnutrida e vivo uma apneia funcional. Os meus sentidos apagaram-se perante uma vida e promissora e vibrante.
Mesmo assim, ainda tentei abrir a porta da sala poente, onde costumávamos ler poesia, mas tu trancaste-a a sete chaves. Bati, bati e bati. Nada se abriu. Tudo se fechou.
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