Nós nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Somente através do amor e das amizades é que podemos criar a ilusão, durante um momento, de que não estamos sozinhos.
Orson Welles
Para quê ansiar pela Ilusão do Amor e da Amizade? Tudo se desfaz e nada restará para além do pó que, em breve, seremos. Ossos amontoados e partidos, cabelos palha, desfeitos; assim jazeremos na terra húmus que também é terra mãe: "Deixem-me ir para a cova agarrado a este nada imenso, que me dourou as mãos e me deixou atónico." (Raul Brandão).
Ah, Memórias do Subterrâneo esquecidas num diário de sonhos falhados. As suas folhas bolorentas perguntam-me altivamente: "o que será melhor: uma felicidade barata ou um sofrimento sublime?" (Fiódor Dostoievski). Na tentativa de resposta, fraquejo, porque a imensidão do Nada emudece o Tudo que há em mim.
A única eternidade possível é a de sermos cadáver adiado, numa longa e implacável espera ou corrida contra o tempo. Um tempo humanizado, logo inexistente.
Antes de nascermos, já estamos mortos. Após morrermos, continuamos mortos. A vida é apenas um sopro, onde Nada vale a pena pelo Tudo que se destrói.
Sem comentários:
Enviar um comentário