Passo devagar e de soslaio, entre os vultos e as sombras. Não quero ser notada. O sol ilumina o adro, timidamente, e foge para a praça dos vivos e felizes. Encaminho-me para lá. Também quero estar viva e feliz. Chego e sento-me num banco ao sol. Pouso os livros, fecho os olhos e imagino como hoje seria um bom dia para casar e não para morrer. Abro os olhos, sorrio, encho os pulmões de fantasia e visto-me de branco. Entretanto, uma nuvem tapa o sol. Fica frio e escuro. Visto-me de preto e espero que ele volte, tal como as mulheres esperam os pescadores na praia. Eu sei que ele não volta nem vai voltar. Fugiu para outro adro ou para outra praça. Suspiro e levanto-me deste banco que o sol já aqueceu. Paro, olho para trás e percebo que foi tudo um devaneio.
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