Tenho as mãos atadas.
Tenho as mãos atadas e não te consigo amar - despreocupadamente.
Tenho as mãos atadas e não te consigo tocar - deliberadamente.
Peço-te que as soltes, mas o teu emudecimento aperta-as cada vez mais.
Engulo um grito de dor e semicerro os olhos.
Caem-me algumas lágrimas e, mesmo assim, ainda te consigo ver bem, apesar de longe.
Para além das mãos atadas, também o coração, pois nunca mais me esqueço daquela manhã de verão, quando te vi com ela, rumo à praia, de mãos soltas.